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Mostrando postagens de 2009

... então é natal!

inflexão perante allen ginsberg e henry thoreau o sagrado coração reumático de elenor um olhar estranho - olhar não cego de poeta com olhos de anjo anjos maometanos anjos loiros anjos de rilke - terríveis a bíblia sagrada com seus uivos de anjos terríveis não causa assombro ao caminhante desobediente trilhando as margens do rio à margem dos anjos

para romper com uma vidinha mais ou menos

parada na ponta do passeio de uma rua qualquer, numa cidadezinha qualquer, de qualquer lugar do interior. o olhar flutuando pelos transeuntes num arremedo de vida carregando sacolas, bolsas, crianças... carros, carroças, bicicletas... montes de terra, demolição... calor escaldante, poeira. passos arrastados conduzem para não se sabe onde, uma casa distante, um lugar onde descansar o corpo mortiço, desidratado, empoeirado, quase faminto. um pouco de dinheiro dobrado enfiado no bolso mais recôndido próximo ao corpo, dinheiro úmido do suor do dia calorento. dinheiro pouco para as muitas contas a pagar. amanhã começar tudo de novo? correr...? cumprir horário...? bater ponto...? engolir um pastel com refresco, café...? e pensar no amanhã, no depois de amanhã... o corpo flácido, o silêncio das conversas bobas, os vizinhos... a corda pendente... o silêncio... ... m e i a - n o i t e a voz rouca de lou reed ecoa no pátio Just a perfect day you made me forget myself

Viva a Consciência Negra, Viva Fela Kuti

África Mãe da Consciência Negra Hoje, 20 de Novembro, quando todas as vozes se levantam para celebrar o dia da consciência negra, presto minha homenagem por meio de um ícone da luta pelos direitos dos povos africanos, o músico Fela Kuti. O texto abaixo, escrito por Alexandre Matias, extraído do site Radiola Urbana, diz um pouco sobre a contribuição de Fela Kuti para a música "Fela Anikulapo Kuti é o equivalente africano de Che Guevara e Bob Marley ao mesmo tempo, gênio da raça, líder pacifista e voz do povo. Papa do afrobeat, trouxe os milenares ritmos africanos para a era elétrica, fundindo-os com a força bruta do jazz, funk e rhythm'n'blues. Com seu front musical, entrava em transes percussivos acompanhados de cavalgadas de baixos elétricos, guitarras em profusão, um coro feminino em primeiro plano e uma enxurrada de instrumentos de sopro, com o sax de Kuti em primeiríssimo plano. Com mais de uma centena de discos com sua participação (álbuns costumeiramente divididos em

de amores insanos

como se pode amar assim, estraçalhando dores em paredes envidraçadas? como é possível amar assim, atrapalhando vestígios de possível lucidez? (para ler repetidas vezes ao som do cello de zoe keating)

No jardim com Manoel de Barros

Caracóis não aplicam saliva em vidros; mas, nos brejos, se embutem até o latejo. Nas brisas vem sempre um silêncio de garças. Mais alto que o escuro é o rumor dos peixes. Uma árvore bem gorjeada, com poucos segundos, passa a fazer parte dos pássaros que a gorjeiam. Quando a rã de cor palha está para ter – ela espicha os olhinhos para Deus. De cada 20 calangos, enlanguescidos por estrelas, 15 perdem o rumo das grotas. Todas estas informações têm uma soberba desimportância científica – como andar de costas. 5august in the garden Upload feito originalmente por maedchen jalapak Poema de Manoel de Barros, http://cristianccss.wordpress.com/2008/02/22/melhores-poesias-de-manoel-de-barros/

Ruínas de fé

"Arqueja triste nos braços frios da noite. Ainda quando os anjos e demônios a espiam por frestas ocultíssimas, ouço o farfalhar demente das tuas asas. Ergue-se o vôo sem razão." Rocque Moraes Artista visual e poeta bissexto, Rocque ama rock. Eu amo rock e Rocque, embora ele não mereça.

O mundo e os gatos

Nem sei desde quando, se é uma coisa de gen, os humanos dominarem e se comprazerem da dor alheia. Já observaram que muitas pessoas não gostam de gatos? E já prestaram atenção nas pessoas que gostam de gatos? William Burroughs escreveu um livro sobre os felinos em sua vida - The Cat Inside. O livro é de 1986 e a primeira edição teve uma tiragem de 133 cópias. Existe uma tradução para o português. William morreu num mês de agosto aos 83 anos. Velhos e gatos parecem ter algo em comum, uma certa letargia... ambos parecem ronronar quando acarinhados. Como esse poema de um velhinho de nome Rogério. Bem, ele ainda não é tão velho, mas parece. Tem uma alma anciã, como a poesia. Anciã dos tempos, como defin ia Uilcon Pereira - um outro amigo que não teve paciência de envelhecer. Fazia frio à tarde; um olhinho do sol piscava entre as nuvens de chumbo; vó acalentava Didi seu gato vira-lata sujo, e seus dedos entre a penugem pareciam uma barbatana era tarde de outono com cara

manhã chuvosa de agosto

segunda de manhã, agosto, chove fino... as calçadas molhadas deixam os pés enrugados uma profusão de sombrinhas desacelera o caminhar, dispenso a minha vermelha de bolinhas e deixo que chova nos meus cabelos outonais. um ar de melancolia permeia tudo, como o vídeo de dois em um: e se chover? E se chover?

beco de jack

beco_jack Upload feito originalmente por rainha morbida fim de tarde início de noite, os ratos saem dos seus buracos e passeiam solenemente pelas calçadas úmidas. o beco transpira cheiro de tempos de outrora, as paredes espiam de soslaio um crime prestes a acontecer, a porta lacrada finge não ouvir o grito abafado. os passos dos caminhantes lançam um eco incógnito. aproximan-se? afastam-se? talvez ela não saiba e adentra a garganta sinistra do beco. ... e nunca mais saiu para ouvir ao som de nick cave

Quem disse que o rock é alienado? People have the power!

Especiais: Dia Mundial do Rock : Hoje, dia 13 de julho, é o Dia Mundial do Rock. Você sabe desde quando se comemora esta data? Desde 1985. Foi no Live Aid - festival pelo fim da fome na Etiópia - que o dia 13 de julho ficou conhecido como o dia mundial do rock [...] (Fonte: Rock Online) Esse espírito inconformista revigora e faz com que o rockn'roll seja visto como atitute juvenil. Então é assim? "Ná ná ná, o diabo! Eu quero é rock!

Minha alma cheira a curry

A pauta não era essa. A poesia dormida (ou amanhecida feito um pão murcho do dia anterior) tomou o lugar do frescor do café recém coado, do fato acontecido agora. Duas semanas intensas em emoções e visões a serem compartilhadas ficaram aprisionadas nas imagens, poucas imagens...mas o cheiro deixou sua marca na memória tão fortemente que, em resposta à perguntada sobre como teria sido, se seria uma versão de Zé à milanesa, respondi: Graça ao curry. Falar em curry estando em Londres, logo se pensa em East End, Bengladesh londrina. Além do cheiro de curry esse lado da cidade também cheira a arte. Que tal a Whitechapel Art Gallery? Vejam imagens da exhibition de Isa Genzken: Open, Sesame! que tive oportunidade de visitar. http://www.whitechapelgallery.org/exhibitions/isa-genzken-open-sesame- Fundada em 1901, a Whitechapel Art Gallery é aclamada internacionalmente por suas exposições de artes moderna e contemporânea e por seu pioneirismo em programas de educação e eventos abertos ao público

ILE AXE IN EAST LONDON

Uma tarde qualquer de primavera no hemisferio norte, o vento frio corta os ceus de East London, o cheiro de curry foi abruptamente substituido pelo de dende fervente. Ante o olhar surpreso dos circundantes salta o dourado dos acarajes crocantes emergindo da frigideira. Como num piscar de olhos, a Bahia se mudou pra East London e, para deleite das saudosas baianas e surpresa dos demais, o colorido da Åfrica-Bahia inundou a cinzeza Londrina num improviso de aromas e sabores. … e hoje, 25 de abril, os londrinos ainda comemoram o dia de Saint George. Okê, Oxossi!

nois, por exemplo!

inquietações de uma tarde sufocante ao som de pj harvey

as labaredas do sol parecem banhar nossas cabeças... ... esses tempos sufocantes me lembram cenas de cinema, é como andar de sapatos pelas areias escaldantes de uma praia, algo como uma cena de Morte em Veneza. A agonia do desejo potencializada pelo desconforto do calor e a areia entrando pelo poro mais remoto e a vontade de ter o impossível invadindo a última célula do ser inquietado. Inquietação e desejo, duas sensações que se fundem em uma quando embrulhadas no papel da intangibilidade. ... assim eu me sinto nesse infinito calor desta cidade: desconfortável e inquieta como quem deseja o impossível.

18 de março, 138 anos da Comuna de Paris

18 de março, 138 anos da Comuna de Paris - governo popular organizado pelas massas parisienses que teve a curta vida de 72 dias, quando foi sufocada ferozmente pelas tropas militares comandadas por Adolphe Thiers. O saldo dessa truculência? 20 mil mortos em uma única semana – a Semana Sangrenta . Era o fim da comuna mas sua memória vivifica nos corações da classe trabalhadora como referência para uma outra sociedade possível. Em maio de 1871, Marx escreveu: "Os trabalhadores de Paris, com sua comuna serão sempre considerados como gloriosos precursores de uma nova sociedade. A memória de seus mártires será cuidadosamente conservada no grande coração da classe trabalhadora. Ahistória já prendeu seus exterminadores nesse eterno pelourinho, de onde não conseguirão arrancá-los todas as orações de seus sacerdotes" . Como governo da classe operária, a Comuna de Paris, exercia seu poder em benefício do povo. Mostrou grande cuidado pelo melhoramento da situação material das grandes ma

gatos, silêncios e uma carta-cobra

Emílio, o gato-planta filho de Fifi. Depois de muito tempo ( o que é muito tempo? ) retorno ao nosso convívio. Carnaval, gripes ... e O gato por dentro , de William Burroughs. Eu não sabia da relação de Bill com os felinos. Vou voltar a falar sobre este livro depois, quando terminar de ler. Agora destaco apenas uma passagem em que ele fala do ritual de iniciação dos oficiais da SS nazista que tinham de arrancar os olhos de um gato depois de alimentá-lo e acariciá-lo por um mês. A eliminação de qualquer indício de piedade. Perante ato tão brutal ele diz: “Qualquer barganha que envolva a troca de valores qualitativos como amor por bichos pela vantagem quantitativa não é apenas desonrosa. O homem não pode estar mais errado. Isto também é tolo. Por que você nada ganha. Vendeu o seu você ." O meu você, após um silêncio de semanas, e mais alguns gatos na barriga de Fifi, revirou a gaveta e, ao reabrir a pasta rosa, de cara, foi abocanhado

feridas incicatrizáveis

Hoje, 13 de fevereiro de 2009, são 32 anos da morte de Carolina Maria de Jesus. Prá quem não lembra, Carolina se tornou conhecida após a publicação do livro Quarto de Despejo , sucesso editorial traduzido para cerca de 29 línguas. Além disso, Carolina foi uma das poucas brasileiras a receber menção na Antologia de Escritoras Negras e no Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis. Detalhe. Carolina Maria de Jesus era catadora de papel e vivia numa favela na cidade de São Paulo. Mineira de nascimento, da pequena cidade de Sacramento, Carolina passou a infância e a adolescência em cidades do interior de Minas Gerais e de São Paulo. Após a morte a mãe, em Franca - SP, Carolina parte para a capital do estado, onde entre empregos informais e trabalhos domésticos, a futura escritora, sonhava com o mundo das letras. Mais tarde, morando na favela e vivendo da coleta de papéis, Carolina escrevia constantemente, em folhas encontradas no lixo. “Não tenho força física, mas as minhas palavras ferem mai

um brinde musical

Hoje o camarada DJ Buenas está mandando ver nas pick-ups , na festa de divulgação do seu blog On the Rocks. Também vão dar o tom o DJ Cassicas e o DJ Moloko Velocet. Tudo acontece no Bar Balcão - Orla do Rio Vermelho, a partir das 21h, na cidade do Salvador. Se eu estivesse lá, iria conferir. Sei que vai rolar só coisa boa, então, aqui vai um brinde on the rocks! http://www.myspace.com/freekittennyc

Doces lembranças

Não pude resistir à queda nos 90, não pude resistir às doces lembranças... oooh sweet memories. Cerys, minha musa, quem, além dela se apresentaria com uma bolsa a tiracolo? Imbatível!

Trickynagens e pollockices

O mês de janeiro assinalou sua despedida com o aniversário de dois gigantes da inventividade e da transgressão, um na música outro na pintura. O dia 27 registrou a vinda ao mundo de Tricky – transgressão da forma e do conteúdo da música/poesia; trip hop, intensidade emocional, evocações de um modo de ser e de expressão inusuais. Adoro isso. Dia 28 foi a vez de Jack Pollock - transgressão da forma e do conteúdo da pintura; expressionismo abstrato, indefinível choque nas retinas e no gosto usuais. Também adoro isso. [Number 8, 1949 (detalhe); Óleo, esmalte e alumínio sobre canvas; Neuberger Museum, State University of New York http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/pollock/ Ambos jogam na cara do mundo a inquietação e a intensidade com que vivem a arte. Intensidade emocional pra ver e ouvir. Ao som de Makes me wanna die http://www.youtube.com/watch?v=jiwmdhNuyqo

I was dreaming in my dreaming

restos... pandarecos... cacos... pedaços... vampirização de textos sem a audácia do mestre da biutice+, ora vampirizado semvergonhamente espalhando pitadas, atirando cascas de laranja na chuva das urânias “uma voz que atravessava séculos, tão pesada que quebrava o que tocava, tão funda que suspeitei que soasse em mim com ressonância eterna; uma voz enferrujada com o som de pragas e dos gritos ásperos que brotam do delta do último paroxismo do orgasmo.” * assoviando tulipas roxas na cara patética do número um risco de asco arremesso medos num jogo de opostos, o avesso, o inverso da razão o pedaço cuspido da maçã que alguém mordeu o lado escuro do espelho hoje não fitei teus olhos vesgos SERÁ QUE ALGUÉM SABE QUEM EU SOU? Nem o mundo, nem mesmo o sol podem mostrar simultaneamente ambas as faces. EU SOU A TUA OUTRA FACE Com teus olhos de pedra meio da madrugada o perigo: buraco negro das palavras corria o risco de fazer poesia visitam-me as criaturas da noite e nenhum gole de vinho para

Acho que vou fazer um filme

[para ouvir ao som de Múm] Escrevo sob o signo da melancolia, uma saudade inexplicável de não sei o quê (desculpem o acento, força do hábito), uma sensação estranha de vazio, de... que foi que eu fiz? O que fazer? Cadê tudo? Chega! Esta será uma postagem longa, apenas os pacientes e os que amam verdadeiramente a poesia lerão até o fim e, possivelmente, comentarão. Abri a pasta rosa, peguei um dos seus escritos e li. Era uma carta falando do meu texto intitulado As Cartas. Já postei um fragmento aqui. Essa carta recupera pedaços da peça que escrevi, a qual trata do encontro de duas mulheres quase estranhas e muito diferentes. Já tentamos montar essa peça várias vezes mas nunca deu certo. Acho que vou fazer um filme. “... li a peça e várias vezes reli. A solidão de Zoé não seria a profunda consciência da solidão de nós mesmas, que escrevemos e que tornamos a poesia nossa amante, pois sentimos sem compreender a efemeridade de tudo o que nos cerca?” (...) “Conheço-a através dos seus escrit

A verdadeira rainha mórbida

Diamanda Galás, filha de pais gregos ortodoxos, criada em San Diego, Califórnia onde, ainda criança estudou jazz e música clássica. Artista performática e controversa esteve no Brasil em 1998. Ativista de grupos de combate à Aids, tatuou na mão esquerda os dizeres "We Are All HIV+" (Somos Todos HIV+) desde que seu irmão morreu, vítima da doença, em 1986. Durante uma manifestação do ACT UP (grupo gay de militância) na St. Patrick's Cathedral, em Nova York, em 1989, Galás foi presa por "distúrbio da ordem pública" e em 1990, após uma apresentação no "Festival delle Colline", na Toscana, o governo italiano a denunciou por "blasfêmia contra a Igreja Católica Romana". "Satã mora mesmo nos EUA", ironizou a cantora, "agora mais do que nunca". Para botar mais lenha na fogueira, em 92, a revista norte-americana "Vanity Fair" publicou uma foto sua, feita por Annie Leibowitz, da cantora nua, pendurada a uma cruz em meio a c