Faço a contagem regressiva do meu tempo, mas não sei o que
esperar.
Desacompanho o pensar quântico filosófico do ser.
Só sei da casa com jardim e gramado pontilhado de gatos de
todas as cores.
Sei do por do sol em cinemascope que aprecio da sacada do meu
quarto.
Sei do cachorro enclausurado entre telas.
Sei de rugas, peles que se dobram onde antes não estavam.
Sei do piscar da luz da TV no quarto da minha mãe que dorme
entre os piscares.
Sei das árvores que se despendem sob a esteira do trator.
Sei das casas que pipocam onde antes pipocavam verde,
pássaros e vidas que não importam.
Sei do céu cortado pelo rastro branco do 747 ou de outro
qualquer.
Sei que existe gente dentro dele!
Sei que existimos eu, minha mãe dormindo frente à TV e as
pessoas dentro do 747.
Existirmos, a que será que se destina?
g.sena
Cruz das Almas, 20/02/2019
(um ano medonho)
Foto: g.sena (Nápoles, IT - Agosto/2019)
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