Pular para o conteúdo principal

No jardim com Manoel de Barros




Caracóis não aplicam saliva em vidros;
mas, nos brejos, se embutem até o latejo.
Nas brisas vem sempre um silêncio de garças.
Mais alto que o escuro é o rumor dos peixes.
Uma árvore bem gorjeada, com poucos segundos, passa a
fazer parte dos pássaros que a gorjeiam.
Quando a rã de cor palha está para ter – ela espicha os
olhinhos para Deus.
De cada 20 calangos, enlanguescidos por estrelas, 15 perdem
o rumo das grotas.
Todas estas informações têm uma soberba desimportância
científica – como andar de costas.


5august in the garden
Upload feito originalmente por maedchen jalapak

Poema de Manoel de Barros,
http://cristianccss.wordpress.com/2008/02/22/melhores-poesias-de-manoel-de-barros/

Comentários

Rounds disse…
belo, belo poema.

conheço pouco a obra do cara. vou prestar mais atenção.

valeu.


bj

Postagens mais visitadas deste blog

Flica10 - Reconversas

  Após dois anos de espera, voltou a acontecer a maior festa literária do Recôncavo. A Feira Literária Internacional de Cachoeira - Flica, na sua 10ª edição, de 03 a 06 de Novembro de 2022. No segundo dia festa, aconteceu a Mesa Poesia erótica feminina do Recôncavo Universal, sob a curadoria do Coletivo Reconversas.  Tive a alegria de participar como moderadora dessa mesa da qual participaram as poetas Rita Queiroz e Iza Lobo  autoras, respectivamente, das obras Confissões de Afrodite e Suores Noturnos . As mesas do Coletivo Reconversas aconteceram na Igreja do Carmo, lugar espetacular que também foi palco para lançamentos de livros. Fotos: Flica oficial e Line Lobo

Sulamericano

Não passa disso, não me engana Que eu sou sulamericano de Feira de Santana Avisa o americano Eu não acredito no Obama Revolucionário, Guevara Conhece a liberdade sem olhar no dicionário Sem olhar no dicionário, ele conhece a liberdade Vamos que vamos, vou traçando vários planos Vou seguir cantarolando pra poder contra-atacar Contra-atacar, contra-atacar Eu vou traçando vários planos Pra poder contra-atacar Contra-atacar, contra-atacar Traçando vários planos Pra poder contra-atacar Contra-atacar, contra-atacar Eu vou traçando vários planos Pra poder contra-atacar Contra-atacar, contra-atacar Eu vou traçando vários planos Nas veias abertas da América latina Tem fogo cruzado queimando nas esquinas Um golpe de estado ao som da carabina, um fuzil Se a justiça é cega, a gente pega quem fugiu Justiça é cega (contra-atacar) Justiça é cega (eu quero contra-atacar) Justiça é cega (eu quero contra-atacar) Justiça é cega (eu quero contra-atacar) Inflama, Inflama N...

3, 2, 1...

Faço a contagem regressiva do meu tempo, mas não sei o que esperar. Desacompanho o pensar quântico filosófico do ser. Só sei da casa com jardim e gramado pontilhado de gatos de todas as cores. Sei do por do sol em cinemascope que aprecio da sacada do meu quarto. Sei do cachorro enclausurado entre telas. Sei de rugas, peles que se dobram onde antes não estavam. Sei do piscar da luz da TV no quarto da minha mãe que dorme entre os piscares. Sei das árvores que se despendem sob a esteira do trator. Sei das casas que pipocam onde antes pipocavam verde, pássaros e vidas que não importam. Sei do céu cortado pelo rastro branco do 747 ou de outro qualquer. Sei que existe gente dentro dele! Sei que existimos eu, minha mãe dormindo frente à TV e as pessoas dentro do 747. Existirmos, a que será que se destina? g.sena Cruz das Almas, 20/02/2019  (um ano medonho) Foto: g.sena (Nápoles, IT - Agosto/2019)