Pular para o conteúdo principal

sextas-feiras santas e violeiras


Nas sextas-feiras santas ela cortava paletas a partir de chifres de boi, e sempre antes do nascer do sol.
Numa simulada entrevista com Helena Meirelles, Uilcon Pereira a transporta para o mundo de Àssombradado. Biutificada, a violeira conta que seu prazer era tocar nas zonas, nos bordéis do poeirão de estrada.
Nivelei meu destino com cavalgadas e homens de gatilho fácil, tocando por alguns tragos de cachaça. Aos trinta anos, resolvi, sozinha, bagunçar o coreto, mascar fumo, viver no cio e pintar o sarambé.
No delta do Àssombradado Velho, todo mundo dançava armado. Numa pândega, um peão enlouquecido veio perto e queria enforcar a vileira-chefe. Até hoje, quando ouço o bater dos guizos, da tropa, do berrante, dos vaqueiros estalando a relha, penso “Ai meu Deus, se eu fosse um homem tava lá no meio.” Minha mãe fala “Helena Biutrice de Tróia Meirelles, és meio homem meio muié”. Eu respondo “Eu não sei nunca o que sou, sei que sou fanática por isso de tocar violão e viver junto com a peonada solta por aí”.

Velha violeira, hoje era dia de cortar paleta de chifre de boi.
Mas a essa hora, ela deve estar em Àssombradado dando uma outra entrevista ao velho Uilcon Biute Pereira.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ad aeternum

  No último dia 28 de maio, fui diplomada como membra municipal fundadora e vitalícia da Academia Cruzalmense de Letras, empossada na cadeira nº1, tendo como patronesse a jornalista, poeta e ativista Jacinta Passos. A ACL - Academia Cruzalmense de Letras foi criada pela Lei Municipal 2797/2021, cujo projeto foi de autoria do vereador Pablo Rezende. Compõem a primeira turma que irá estruturar a academia os poetas e escritores Hermes Peixoto, Edisandro Barbosa Bingre, Mário Araújo, Lita Passos, Wesley Correia, Alino Mata Santana, Sarah Carneiro, Luiz Francisco Souza, Reinadi Sampaio Cyro Mascarenhas Rodrigues Laurenice Barbosa, Luiz Carlos Mendes, Luciano Fraga e Manoelito Sá.

Flica10 - Reconversas

  Após dois anos de espera, voltou a acontecer a maior festa literária do Recôncavo. A Feira Literária Internacional de Cachoeira - Flica, na sua 10ª edição, de 03 a 06 de Novembro de 2022. No segundo dia festa, aconteceu a Mesa Poesia erótica feminina do Recôncavo Universal, sob a curadoria do Coletivo Reconversas.  Tive a alegria de participar como moderadora dessa mesa da qual participaram as poetas Rita Queiroz e Iza Lobo  autoras, respectivamente, das obras Confissões de Afrodite e Suores Noturnos . As mesas do Coletivo Reconversas aconteceram na Igreja do Carmo, lugar espetacular que também foi palco para lançamentos de livros. Fotos: Flica oficial e Line Lobo

Flica 10 Anos apresenta RECONVERSAS

Ansiosamente aguardada, finalmente a Flica -  Festa Literária Internacional de Cachoeira acontecerá nos próximos dias 3 a 6 de novembro de 2022 No ano do Bicentenário da independência política do Brasil a FLICA – Festa Literária Internacional de Cachoeira coloca-se como um ambiente para a reflexão sobre os sentidos da liberdade na literatura Brasis. Brasis aqui pode ser usado em diversos sentidos e todos eles são desafiadores: a) O território brasileiro: terras brasis. b) O povo brasileiro ou aqueles que nasceram no Brasil; brasileiros. c) Os indígenas nativos do Brasil: muitos brasis foram dizimados com a colonização. d) Brasis: A Pátria Brasileira nos seus diferentes modos de ser. Inserida na programação paralela, acontece o ciclo de mesas do Coletivo RECONVERSAS, formado por escritores e escritoras do Recôcavo biano, sob a curadoria da poeta Iza Lobo. No dia 04 estarei como moderadora da mesa Poesia erótica feminina no Recôncavo universal . Essa mesa tem como convidadas as poetas Iz