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Os cantares de Jônatas Conceição

AS SAUBARAS INVISÍVEIS

A memória é redundante: repete os
símbolos para que a cidade comece
a existir.

Ítalo Calvino

Chega-se a Saubara pelo caminho do mar.

Às velas, barcas velhas velejam rumo à baía.

Viagem de gentes, trapos, mercadorias,

Odores repelentes que recendem tumbeiros

Travessia de longínquas noites

(Aquela viagem era uma eternidade!)

que ao vento cabia a tarefa de um porto feliz.

Chega-se a Saubara por via de muitos rios

Do rio para o mangue, do mangue-rio para o mar.

Caminhos do leva-e-traz mercantil

Ao porto de amaros negócios

Percurso de antigos navegantes

Fundadores do eterno dar-se saubarense

Desbravadores de restos da flora e fauna do lugar.

Chega-se, finalmente, a Saubara pelo primado da fé.

Seus marujos e rezadeiras procuram, há muito,

o caminho da salvação.

Seus filhos e netos, há pouco, descobriram outros caminhos...

Procuram, pela novidade alheia, desesperadamente,

outra cidade inventar.

Os perseguidores da fé a tudo ver oram choram

(A São Domingos que é de Gusmão que nos vele)

as chamas das velas revelam.

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